sábado, 30 de junho de 2012

Gramados parisienses

A viagem foi mais tranquila que da última vez: esse voo da TAP direto a Lisboa é uma maravilha. O que não foi tão maravilhoso foi pegar o Orlybus com uma mala de 18 quilos, uma mochila de 8 e a bolsa com mais 2 quilos. Isso dá mais da metade do meu peso. Quase morri! Mas, enfim, aos trancos e barrancos, consegui chegar a Paris.
Eu tinha combinado de encontrar a minha amiga tailandesa Eves em frente à Cité Internationale. Quando cheguei aos gramados gigantes da Cité, eu não tinha mais forças, então me atirei na grama verde e fiquei olhando o céu azul. É verão aqui e os gramados ficam cheios de gente fazendo piquenique, tocando violão ou simplesmente não fazendo nada. Como eu, naquele momento, que só queria curtir a grama e descansar da minha maratona.
Depois de muitos minutos de contemplação, procurei minha amiga japonesa Anna na Maison du Cambodge. Ela me recebeu sorridente como sempre e me deu um abraço tão apertado que parei de sentir as dores de carregar bagagem. Fiquei ali com ela matando as saudades por alguns minutos e depois saí ao encontro da Eves na estação do traimway. Para isso, é claro que tive de contar com a ajuda da Anna para ir junto comigo carregando os tijolos que eu trouxe.
Como ela tinha um compromisso na Maison du Canada, fiquei sozinha esperando a minha outra amiga oriental e lembrando de quantas vezes eu usei aquela estação e de como era bom morar em Paris. Não demorou muito e avistei a minha amiga tailandesa: ela vinha sorrindo, tentando se esconder atrás de um senhor de uns dois metros de altura para me pegar de surpresa, mas não conseguiu: eu a reconheceria até atrás de um elefante. Quando nos separamos, há um ano, eu chorei muito, pois pensava que nunca mais iria vê-la, mas, desta vez, foi ela que não se segurou e chorou feito um bebê enquanto me abraçava.
Como é bom reencontrar uma amiga tão querida! Tínhamos tanto a nos dizer... E foi isso que fizemos no trem até a sua casa, durante o jantar e pela madrugada adentro, porque a diferença no fuso horário desregulou todo o meu sono. Sorte que ela tirou folga para ficar comigo nesses dois dias que fico na sua casa.
No dia seguinte, dormimos até tarde, e ela me acompanhou para providenciar a inscrição em um curso intensivo de francês que farei na semana do dia 16. No final do dia, resolvemos jantar com a prima da Eves, a Tik, e com a minha amiga Anna em um restaurante que serve comida laosiana, vietnamita e tailandesa. Eu estava morrendo de saudades da comida oriental e me esbaldei com aqueles pratos coloridos e saborosos. No final da nossa soirée, nos despedimos da Anna e voltamos para a casa da Eves. Mas, antes disso, o que avistamos? Um grande gramado sorrindo pra nós. Não pensamos duas vezes: saímos correndo em direção à grama e ficamos olhando o por do sol, que caiu lindo e lentamente sobre a cidade-luz.


sexta-feira, 29 de junho de 2012

Encore, très joli :)

Quando pisei em Paris pela primeira vez, tive logo certeza de que meus laços com a “ville lumière” seriam intensos e duradouros. Lá, desde o metrô até o Opéra, tudo me fascinou imediatamente. No tempo em que morei em Paris, entre 2010 e 2011, escrevi este blog que conta algumas histórias que vivi por lá. No começo, o blog era só um jeito de tentar transmitir aos meus amigos o que eu estava vivendo; porém, em pouco tempo, comecei a receber e-mails de brasileiros de todos os cantos do mundo querendo informações e dicas para resolver problemas cotidianos e aproveitar sua estada em Paris.
Tudo isso foi muito divertido: naquele período, escrevi quase 80 textos e, pra meu espanto, o blog teve mais de 15 mil acessos. No entanto, um mês antes de ter que voltar ao Brasil, uma tristeza se abateu sobre mim. Eu não queria retornar; pelo menos não naquele momento. Então, parei de escrever. Simplesmente não conseguia. Teria que deixar passar essa fase e esperar que, quando chegasse ao Brasil, pudesse contar as histórias que faltaram no blog. Porém, até hoje, não pude: olhar as fotos da viagem já me deixava morrendo de saudades, e o bloqueio continuou. Logo constatei que a minha inspiração ficara presa em algum lugar entre o Quartier Latin, o Marais e o Montmartre.
O que ainda me faz sentir que estou na França é o fato de dar aulas de francês. J’adore! É muito bom trabalhar com essa língua e poder dividir com os alunos a minha experiência. Me deixa feliz também saber que estou colocando em prática tudo que aprendi lá, afinal trabalhei duro para me tornar uma boa professora: além de quatro horas de curso por dia, cantava no coral da Cité Universitaire e participava de diversos grupos de conversação. Voltar ao Brasil ensinando francês me faz sentir que algo importante da França continua comigo.
Para deixar o meu sonho francês ainda mais real, em março recebi uma notícia maravilhosa da Carol e da Stela, da Aliança Francesa: fui selecionada para fazer um curso de um mês para professores em Vichy, proporcionado pela própria Aliança, pelo CNOUS e pelo CAVILAM.  Quando soube da notícia quase caí da cadeira de emoção.  O tempo foi curto para arrumar todas as coisas, pois eu conciliava meu trabalho como professora com um cargo em uma empresa. Não pensei duas vezes: pedi minha demissão da empresa para me jogar de corpo e alma em Paris.
Por isso, aguardem, porque no momento em que você ler este texto eu provavelmente já terei desembarcado no aeroporto de Orly, pronta para uma nova aventura, e logo terei muito mais histórias francesas para contar.