A viagem foi mais tranquila que da última vez: esse voo da TAP direto a Lisboa é uma maravilha. O que não foi tão maravilhoso foi pegar o Orlybus com uma mala de 18 quilos, uma mochila de 8 e a bolsa com mais 2 quilos. Isso dá mais da metade do meu peso. Quase morri! Mas, enfim, aos trancos e barrancos, consegui chegar a Paris.
Eu tinha combinado de encontrar a minha amiga tailandesa Eves em frente à Cité Internationale. Quando cheguei aos gramados gigantes da Cité, eu não tinha mais forças, então me atirei na grama verde e fiquei olhando o céu azul. É verão aqui e os gramados ficam cheios de gente fazendo piquenique, tocando violão ou simplesmente não fazendo nada. Como eu, naquele momento, que só queria curtir a grama e descansar da minha maratona.
Depois de muitos minutos de contemplação, procurei minha amiga japonesa Anna na Maison du Cambodge. Ela me recebeu sorridente como sempre e me deu um abraço tão apertado que parei de sentir as dores de carregar bagagem. Fiquei ali com ela matando as saudades por alguns minutos e depois saí ao encontro da Eves na estação do traimway. Para isso, é claro que tive de contar com a ajuda da Anna para ir junto comigo carregando os tijolos que eu trouxe.
Como ela tinha um compromisso na Maison du Canada, fiquei sozinha esperando a minha outra amiga oriental e lembrando de quantas vezes eu usei aquela estação e de como era bom morar em Paris. Não demorou muito e avistei a minha amiga tailandesa: ela vinha sorrindo, tentando se esconder atrás de um senhor de uns dois metros de altura para me pegar de surpresa, mas não conseguiu: eu a reconheceria até atrás de um elefante. Quando nos separamos, há um ano, eu chorei muito, pois pensava que nunca mais iria vê-la, mas, desta vez, foi ela que não se segurou e chorou feito um bebê enquanto me abraçava.
Como é bom reencontrar uma amiga tão querida! Tínhamos tanto a nos dizer... E foi isso que fizemos no trem até a sua casa, durante o jantar e pela madrugada adentro, porque a diferença no fuso horário desregulou todo o meu sono. Sorte que ela tirou folga para ficar comigo nesses dois dias que fico na sua casa.
No dia seguinte, dormimos até tarde, e ela me acompanhou para providenciar a inscrição em um curso intensivo de francês que farei na semana do dia 16. No final do dia, resolvemos jantar com a prima da Eves, a Tik, e com a minha amiga Anna em um restaurante que serve comida laosiana, vietnamita e tailandesa. Eu estava morrendo de saudades da comida oriental e me esbaldei com aqueles pratos coloridos e saborosos. No final da nossa soirée, nos despedimos da Anna e voltamos para a casa da Eves. Mas, antes disso, o que avistamos? Um grande gramado sorrindo pra nós. Não pensamos duas vezes: saímos correndo em direção à grama e ficamos olhando o por do sol, que caiu lindo e lentamente sobre a cidade-luz.
Com amigas japonesa e tailandesa e comida laosiana e vietnamita, dá pra ver que você já está bem orientada.
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