Chega uma hora em que a festa acaba e a rotina bate à porta, o que não quer dizer que os dias se tornem monótonos. Estava indo hoje para a Sorbonne e, como de costume, quando entrei na estação do metrô, fui em direção à caixa de jornais que são distribuídos gratuitamente. Geralmente, intercalo entre o Direct Matin e o Direct Soir, mas hoje resolvi pegar o A Nous Paris, pois vi Sofia Coppola na capa. Entrei no trem, abri o jornal e, de cara, recebi um convite irrecusável: Une nuit avec les Coppola, sessão de cinema com filmes da família Coppola que começará à meia-noite do próximo sábado e terminará com café da manhã no domingo. Podemos escolher três filmes para ver durante a madrugada. As opções: Encontros e Desencontros, Maria Antonieta, Uma Segunda Juventude, As Virgens Suicidas, Tetro e Drácula. Já temos programa para o fim-de-semana. Os jornais franceses são forrados de reportagens sobre filmes, peças de teatro, música, literatura, museus, dança. Claro que eles têm propaganda também, mas elas só representam 5% do jornal e não 80% como muitos jornais que conheço por aí...
Depois de terminar de ler uma reportagem de duas páginas sobre Patti Smith, chego à minha estação: Luxembourg. Pois é, eu sou obrigada a passar todos os dias na frente do Jardim do Luxemburgo para chegar até a escola. Prometo não reclamar mais da minha rotina. Quando vou fechar o jornal pra guardar na pasta, o que vejo na contracapa? O coelho apressado! Sim, o coelho do Lewis Carroll, aquele perseguido pela Alice, vestido de Edward Mãos-de-Tesoura. Foi paixão à primeira vista. Nem guardei mais o jornal: cheguei na sala de aula e deixei exposto na minha mesa. Foi quando, para meu desespero, minha colega polonesa, que senta ao meu lado, pegou a caneta e veio reto na pata do coelho. – Nããããoo! O que você vai fazer? eu perguntei assustada, protegendo o meu coelho da violência da sua arte. Vou desenhar alguma coisa, disse entre dentes minha colega, com o braço paralisado. Então, antes que ela sofresse um ataque epilético e investisse com a caneta contra o meu coração, virei algumas páginas e disse: desenhe aqui!, apontando para uma página de shows flash-back disco-punk que não me interessavam.
Acho que ela se assustou um pouco com a minha reação, pois desenhou um coraçãozinho de meio centímetro, querendo me dizer: desculpa, eu não queria desfigurar o teu coelho. Eu sorri pra ela e fingindo não me importar mais com o jornal, enfiei na bolsa. Imagina, eu chegaria em casa e a primeira coisa que iria fazer seria tirar uma foto do coelho estilizado pra mandar pra Deise, que adora tanto quanto eu o mundo maravilhoso do Lewis Carroll e também do Tim Burton. Quando acabou a aula, eu e Monika, a polonesa, fomos em direção à estação do metrô. No meio do caminho ela me cutuca e diz com desprezo, apontando para uma parada de ônibus: “Voilà, ton lapin”. Meus olhos brilharam: era um cartaz gigante do mesmo coelho. Depois de alguma insistência, pois minha amiga não queria pagar mico no meio da rua, ela finalmente bateu a foto pra mim.
Voilà, mon Lapin!
A ideia do sujeito que desenhou esse coelho é melhor do que o filme do Tim Burton.
ResponderExcluirBeijos.
Que legal, Rê!!!
ResponderExcluirMas mais legal ainda será a programação do final de semana!! Tô louca para saber! Depois conta, tá?
Beijo!!
Eu te adoro, Rê!!!
ResponderExcluirContinua seguindo o coelho em Paris e cuida bem dele!!!
Depois vamos fazer um quadro pra por aqui na sala, do lado dos pôsters do Johnny Depp!!!
Feliz Desaniversário!!!
Não vai ter espaço, nem pro coelho nem pro Joãozinho. Vou mandar fazer um enorme retrato meu, de barbas longas, sentado numa cadeira de encosto alto, com louros na cabeça, uma pena e um papiro nas mãos; com uma moldura de 15 centímetros de largura.
ResponderExcluirBom Rê, é melhor passar todos os dias pelo Jardin de Luxembourg do que pela Praça das Rosas rsrsrsrsr(que eu passo tous les jours).
ResponderExcluirAmei este coelho, aliás Douglas, eu acho que a idéia da Dê é bem interessante e iria combinar muito bem com a parede branquinha do apê.Pense na possibilidade.Beijos