Na semana em que fomos para São Paulo fazer nosso visto pra França visitamos o Museu do Ipiranga. Num dos corredores estava exposta uma réplica em tamanho reduzido da estátua de Ícaro. Ao lado dela, uma placa dizia que o monumento original era em homenagem a Santos Dumont e estava exposto numa praça com o nome do aviador na França. Em frente ao Ícaro de São Paulo eu prometi para mim mesma que, se tudo desse certo com o visto, eu iria visitar o monumento da França.
Essa semana eu comecei os preparativos para cumprir a promessa. Procurei no Google Earth e descobri que a estátua fica dentro da Île de France, ao lado de Paris, numa comuna chamada Saint-Cloud. Como a estátua fica próxima ao Bois de Boulogne, desenhei o roteiro e propus ao Doug a aventura que nos renderia perto de dez quilômetros de caminhada. Como viram, um serviço parecido com o de descobrir o destino do Santo Graal.
Equipamos a mochila com os mantimentos necessários - mapa, comida, água e máquina fotográfica - e saímos ainda de manhã ao encontro de Ícaro. Pegamos o RER até o Châtelet, depois a linha 1 do metrô até o Porte de Maillot, e o restante do trajeto fizemos a pé. Como o Bois de Boulogne é gigantesco, eu escolhi algumas coisas que seriam interessantes ver e planejei cada trilha que iríamos seguir.
A saída do metrô foi um pouco complicada, pois estávamos numa rótula, com poucas faixas de segurança. Depois de uma maratona por sinaleiras e ruas movimentadas, encontramos a Allée de Longchamp, que é a que nos levaria até o bosque. Ali a paisagem já começou a mudar: em vez de prédios, muitas árvores, e, em vez de carros, pessoas passeando e pássaros de todo tipo sobrevoando o lugar. Numa das ruas perpendiculares, seguindo o meu mapa, entramos para procurar o Lac Inférieur. Esse segundo trajeto era mais bonito ainda que o primeiro, pois a rua era mais estreita, e as trilhas no meio do mato mais visíveis. Estávamos conversando sobre aquela beleza quando o Doug parou de falar ao ver o movimento de uns arbustos ao lado da trilha. Um coelho, disse ele. E lá fui eu como a Alice, atrás do coelho pelo mato. Porém, o veloz orelhudo me deixou chegar bem pertinho e ainda fez pose para a foto antes de sair apressado.
Seguimos nosso percurso falando do coelho e fomos surpreendidos por uma das paisagens mais lindas que vi na vida: um lago gigante, cheio de cisnes, patos e outras aves coloridas. No meio do lago, tem uma ilha com um gramado uniforme, muitas flores e sendas. Além de tudo isso, o lago é cercado por muitas árvores, que, agora no outono, ganham cores vibrantes.
Entre uma foto e outra, um simpático francês que estava correndo parou ao nosso lado e se ofereceu para bater uma foto. Aceitamos a gentileza e, depois do registro, ele pediu de onde éramos. “Nous sommes brésiliens”, respondemos. Ele abriu um sorrisão e disse: Oh, Brésil! E, já correndo de novo, ele olhou pra trás e gritou em inglês, que é a língua oficial dos franceses que falam com estrangeiros de qualquer parte: Congratulations for Dilma!
Agradecemos as felicitações e continuamos contornando o lago. Aí surgiu uma dúvida cruel. Tínhamos duas opções: atravessar o lago e, consequentemente, ficar ali o dia todo ou seguir meus planos até o Ícaro. Com uma insistência minha e com a promessa de que voltaríamos outro dia para ficar o dia inteiro no lago, seguimos adiante. Pegamos a Rue Grande Cascade e fomos em direção ao Parc Bagatelle, só que, ao contrário do nome, para entrar teríamos que pagar 5 euros cada um.
Assim, optamos por não ficar nesse parque também. Não pelo dinheiro, mas porque valeria mais a pena retornar em outra ocasião e ficar mais tempo. Voltamos para a Allée de Longchamp e andamos até encontrarmos a cascata que era uma das paradas do meu roteiro. Subimos ao lado da cachoeira e, como sempre faço aqui em Paris quando avisto uma rua estreita, dediquei alguns minutos a ela, e acabei me enfiando por uma escada de pedras escorregadias.
Assim, optamos por não ficar nesse parque também. Não pelo dinheiro, mas porque valeria mais a pena retornar em outra ocasião e ficar mais tempo. Voltamos para a Allée de Longchamp e andamos até encontrarmos a cascata que era uma das paradas do meu roteiro. Subimos ao lado da cachoeira e, como sempre faço aqui em Paris quando avisto uma rua estreita, dediquei alguns minutos a ela, e acabei me enfiando por uma escada de pedras escorregadias.
Eu nunca me arrependo. Dez degraus e estávamos dentro de uma gruta, e a cascata agora podia ser vista de dentro pra fora. Quando cheguei ao lugar que tinha descoberto, comecei a gargalhar sozinha fazendo a gruta tremer e ecoar minha felicidade, o que fez com que o Doug viesse ao meu encontro. Mesmo assim, ele demorou um pouco pra chegar, pois na descida a escada faz uma curva tão tênue, e a passagem é tão estreita que, se você não olhar direito, pensa que o trajeto termina por ali.
Saímos da cascata inebriados com a sua beleza e contornamos o Hippodrome de Longchamp até achar as margens do Sena. Andamos quase um quilômetro em paralelo ao charmoso rio e encontramos a Passarelle de l’Avre, que passa por cima do Sena e também de uma ruas da comuna de Saint-Cloud. A passarela de madeira é lindíssima e nos proporcionou mais umas vistas deslumbrantes. Quando estávamos no finalzinho da passarela, olhamos para trás; e o que vimos? Adivinhem! A Torre Eiffel! Paramos na hora para curtir o espetáculo visual: o Sena e as árvores se agitando com o vento e a torre imóvel e poderosa no horizonte.
Saímos da cascata inebriados com a sua beleza e contornamos o Hippodrome de Longchamp até achar as margens do Sena. Andamos quase um quilômetro em paralelo ao charmoso rio e encontramos a Passarelle de l’Avre, que passa por cima do Sena e também de uma ruas da comuna de Saint-Cloud. A passarela de madeira é lindíssima e nos proporcionou mais umas vistas deslumbrantes. Quando estávamos no finalzinho da passarela, olhamos para trás; e o que vimos? Adivinhem! A Torre Eiffel! Paramos na hora para curtir o espetáculo visual: o Sena e as árvores se agitando com o vento e a torre imóvel e poderosa no horizonte.
Terminando o percurso da passarela, já estávamos fora de Paris, e encontramos umas ruas estreitas e graciosas cheias de casas que mais pareciam castelos, com traços de arquitetura alemã. E foi andando por aquelas ruas coloridas que avistei as asas do Ícaro. Chegando mais perto, pude vê-lo por inteiro, solitário no meio de uma pequena praça. Ainda ofegante pela caminhada de horas, não resisti aos seus braços abertos e lhe dei um abraço emocionado.
Valeu a pena encontrá-lo. Se não fosse por ele, talvez não tivéssemos visto todas aquelas maravilhas. Mas claro que meus mapas ajudaram, pois com eles não é preciso ter fio de Ariadne para não se perder no labirinto dos paradisíacos bosques de Paris.
LINDÍSSIMO! LINDÍSSIMO!
ResponderExcluirValeu por compartilhar esses momentos. Estamos aí com vocês.
As fotos estão cada vez melhores.
A sim, farei um pedido: Vão vocês a um bar bem boêmio e batam fotos. Bêbados, de preferência.
Não deixem seus pais lerem este comentário.
Ativa aí o bloqueio dos pais. :-)
Bah! Tchê! Só interjeições (e regionais!), o que mais posso dizer?
ResponderExcluirEsses lugares são demais! Estas cores! Bah...Quero uma Paris pra mim! Em Janeiro estou de aniversário
:-)
Abraços saudosos!
Mon amie!
ResponderExcluirEstamos esperando a sua visita. O bom é que já tenho todos os mapas prontos para te mostrar a cidade.rsrs
Abraços
Pode deixar Jônatas, o próximo bar que a gente for eu registrarei e farei um post alcoólico pra você.
ResponderExcluirAbraço
Lindo!!! Por isso q os pintores impressionistas viviam em Paris...
ResponderExcluirQuando vi um Renoir pela primeira vez imaginei q as árvores de Paris eram diferentes das nossas. Realmente eles viviam cercados dessas cores. Claro q dá vontade de sair pintando árvores roxas e folhas amarelas... É de verdade e é lindo!!
E Doug tá mais magrinho!!
Beijokas