quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Tapas em Granada

           Na última quinta-feira, dia 11, pegamos o avião no aeroporto de Orly em direção à Espanha. Conseguimos uma passagem por 87 euros (ida e volta) pela companhia Transavia. Foi a primeira vez em que subi as escadas de um avião, depois que um ônibus nos levou até a pista. Até então eu só tinha entrado por aquelas passarelas fechadas que ligam o aeroporto à aeronave. Mas agora chovia e ventava em Paris, meu cabelo esvoaçava para todos os lados e eu me senti uma estrela de cinema. No entanto, já no avião, meu sonho acabou, pois nem comida serviram; pedimos uma coca e o aeromoço respondeu: 3 euros, s’il vous plaît. Também comecei a perceber a gritante diferença entre os franceses e os espanhóis: além da língua, os espanhóis falam mais alto, se vestem com roupas mais coloridas e as mulheres usam muita maquiagem.
           Depois de duas horas exatas de voo, desembarcamos no pequeno Aeroporto García Lorca, em Granada, com o termômetro marcando 20°, bem melhor do que o frio que já aterrissara em Paris. Granada fica no sul da Espanha e se localiza na região da Andaluzia. É dividida em duas partes: uma recente e uma muito antiga. A parte nova da cidade não é muito bonita; aquela coisa: comércio, trânsito, prédios, mas a parte antiga é fascinante, com sua arquitetura em estilo árabe e seus grandes jardins. Ficamos hospedados na casa do nosso amigo Clóvis, que tinha viajado conosco e que nos mostrou a cidade. O nome Granada, segundo ele, é por causa da fruta “granada”, em português “romã”.
No primeiro dia, já fomos visitar a Alhambra, que inclui palácios no alto da cidade, construídos durante a ocupação árabe na Espanha. A arquitetura é luxuosa e cheia de formas diferentes das nossas ocidentais. Os jardins são cheios de fontes, cercas-vivas e muitas rosas. Das torres dos palácios, você pode ver toda a cidade de Granada, e também a Sierra Nevada, que é um grupo de montanhas cobertas de neve. Ainda na Alhambra, vimos uma exposição de Matisse, artista que está em alta por lá devido ao centenário de sua expedição à Andaluzia; e ele também saiu de Paris, como nós.
           Se não bastassem as belezas da Alhambra, tem dois bairros em Granada que são fantásticos: o Sacromonte e o Albaicín. Neles, todas as casas são brancas. Subindo as ruas estreitas do Sacromonte, passamos por algumas “cuevas”, que são casas de shows escavadas nas pedras e servem de palco para as apresentações de flamenco, ritmo que nasceu ali mesmo há mais de dois séculos. Em uma mesma rua eu contei mais de dez cuevas. Entramos em duas delas para conhecê-las por dentro. Numa delas, uma cigana queria ler a minha mão enquanto a outra oferecia cerveja, água e souvenirs para o Douglas e o Clóvis. Elas queriam nos extorquir a qualquer custo e, embora minha mão estivesse vazia, a cigana não queria largar. Depois de muita manobra, por cinco euros compramos uma garrafa de água suspeita, batemos uma foto, levamos uma cerâmica granadina e o meu futuro continuou um segredo que só à minha mão pertence.               
            Descontando o fato de que passamos os cinco dias caminhando como camelos, o que mais fizemos em Granada foi comer. Começamos pela tradicional “paella”, tendo como entrada um prato chamado “pimientos de piquillo rellenos de bacalao”, que são uns pimentões vermelhos com uma saborosa pasta de bacalhau por dentro e molho vermelho por fora. Tudo isso regado a sangria, que é um vinho suave com frutas. Mas o que eu mais gostei foi das “tapas”, que você encontra em vários bares da cidade: é só pedir uma bebida e junto com ela vêm uns aperitivos que variam de uma simples porção de batatas com bocadillos e azeitonas a uma refeição como massa e arroz à grega. Sempre que cansávamos da caminhada, parávamos num bar para umas tapas, cujos preços variam de 1,50 a 3,00 euros. Eu, todas as vezes, adorei a ideia. Até no último dia, em que fomos de mala e tudo apreciar umas tapas antes de viajar de volta a Paris.
         À meia-noite de terça-feira, dia 16, já estávamos de volta à capital francesa, que continua sendo minha cidade preferida. Se tivesse as tapas e os shows de flamenco aqui, ela seria perfeita e eu daqui não sairia nunca mais.
Alhambra


 




 


Cueva 








2 comentários:

  1. Rê,

    Sugiro que de agora em diante você deixe Paris em outra categoria quando for viajar para outros lugares. Ela não pode mais competir - porque vai ganhar sempre. ;-)
    bjs
    M.

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