segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A saga do visto parte II - O motoboy


            Retornamos a Bento no domingo, dia 25 de julho. Quando vi a pipa, me deu certo desânimo. Eu já tinha entrado no ritmo de São Paulo. Conseguimos fazer muitas coisas por lá em quatro dias (conto como foi em um outro momento), mas não tudo o que eu tinha planejado.
            Voltamos à rotina e ficamos aguardando ansiosos pelo dia 11. Mas confiantes, pois tudo tinha corrido muito bem no consulado. Já comprei até a passagem para a França, mesmo sem saber o resultado, porque, quanto mais perto da viagem, mas cara ela ficaria.
            O Rafael, amigo que nos hospedou em São Paulo, ficou de pegar para nós os passaportes e nos enviar por correio. O envelope chegaria na semana do dia 16.  Mas como um primo meu, o Marcos, estava vindo de São Paulo para Bento na sexta-feira, 13 de agosto, resolvi pedir a ele que pegasse os passaportes com o Rafa e me trouxesse em mãos. Ele, muito gentilmente, se prontificou a mandar um motoboy de confiança para pegar os documentos no trabalho do Rafa. Mando no início da tarde, disse ele, e depois te dou um ok quando receber. Mas eram duas, três, quatro horas da tarde e nada de ele me mandar um e-mail com a confirmação. Comentei com o Doug que tinha mudado os planos e que agora o passaporte não viria mais por sedex. Ele, romanticamente, pelo msn, me diz que não era pra ter mudado os planos e que, se eu perdesse os passaportes, penduraria meu couro na sacada. Sim, era brincadeira dele, mas eu, que já estava nervosa com a demora do motoboy, fiquei apavorada.
            Entrei em contato com o Rafa. O motoboy recém saiu daqui, disse ele, eram 5 horas da tarde, pegou os passaportes, mas não sabia o nome da pessoa pra quem ele tinha que entregar (falha minha, esqueci de dizer ao Rafa o nome do meu primo), mas vai entregar tudo na empresa em que seu primo trabalha. Oh céus, ele trabalha na redação de uma editora gigante! Liguei para o Marcos, que tentou me tranquilizar dizendo que eu estava me preocupando por nada, que no máximo às 6 horas o motoboy chegaria com todos os documentos e ele procuraria pelo meu. Imaginem se eu fiquei tranquila! Comecei a imaginar aquele motoboy pelas ruas tumultuadas de São Paulo, passando por dezenas de lugares, tirando lasca dos carros. Entre a ansiedade de saber se tinha saído o visto e os pensamentos no motoboy, quase chorei de emoção, digo, de pavor.
            Eu tenho essa mania de sofrer por antecipação e, claro, meu primo tinha razão: eu sofri por nada. Às 6 horas, recebi uma mensagem dele no celular: "Seu passaporte está comigo, são e salvo...rsrsrs". Desabei numa cadeira, aliviada por não ter o meu couro branquinho secando ao sol.
            Na sexta, tive o prazer de ir tomar um café com o meu primo, que eu não via pessoalmente há uns 10 anos.  Para ele não pensar que eu sou uma neurótica compulsiva e provinciana, disse que fiquei ansiosa só porque ainda não sabia o resultado do visto. Acho que ele não acreditou, mas, sempre muito inteligente, já puxou outros assuntos. Aproveitamos as duas horas que tivemos para matar as saudades e colocar os assuntos em dia. Gostaria que ele estivesse mais perto. A sua companhia é sempre descontraída e agradável.  Aproveito para agradecê-lo pela ajuda e pelas tentativas de me tranquilizar.

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