segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Ouro de Tolo

              Este texto foi escrito nos últimos dias de maio de 2008
           
          Para a maioria das pessoas da minha geração, chegar aos 28 anos com um apartamento quase pago, formada, com um bom emprego, é o sonho de adolescente realizado. Eu devia estar contente, mas para mim é uma piada olhar no espelho todas as manhãs e conseguir enxergar nitidamente os meus próximos 10 anos de vida como se o espelho fosse o oráculo de Delfos. Estarei ainda casada, num apartamento maior, no mesmo emprego, ou outro similar, trabalhando 12 horas por dia, regando as plantas e dando comida para o gato.
          Além de trabalhar há 10 anos numa empresa, na área administrativa, dou aulas de administração num curso técnico. Meu marido é professor e escritor. Saímos da casa dos pais em 2007, quando resolvemos unir as alegrias e as despesas. Também decidimos montar uma banda de rock, pois a música nos une desde o primeiro encontro. Me lembro como se fosse hoje: eu quis mostrar uma música para ele e, quando abri o porta-luvas do carro, caíram umas 38 fitas no chão. Revirei tudo e até hoje não achei a música, mas dançamos muitos boleros, sambas, tangos e rocks desde então. A rotina é a nossa única inimiga. Cumprir horário deveria ser proibido por lei. Nunca tenho tempo para não fazer nada. Para o Douglas é mais tranquilo: ele dá aula somente à noite, então tem o dia para ler, escrever, preparar as aulas, enfim, tudo o que ele gosta de fazer. O meu caso é mais complicado: peguei tanta coisa, que só consigo parar quando fico doente. Além das atividades remuneradas que citei acima, ainda faço inglês e canto num coral.
           Essa era a minha realidade até este mês de maio, mas eis que lá pelo dia 20, o Doug chegou em casa e me fez uma proposta que quebraria o meu espelho profeta: Vamos à Paris?

Um comentário:

  1. Primeiro eu quero o reconhecimento de que essa frase, saída da boca de Alberto Sordi no último episódio de Os Novos Monstros, é uma saudação que eu faço desde 2008 pra vocês irem a Paris. E vocês não iam; vocês iam ficando,ficando, ficando trés, trés, trés triste a Bento. Mas agora vão, trés, trés,Trés Jolie, a Paris.

    Eu até já comprei o Ponche Verde do Cristaldo pra presentear. O Trópico de Câncer eu fico devendo. Dou na volta.

    Minhas previsões são óbvias: o Douglas volta doutor, e a Renata volta escritora - porque esse início de carreira no blogue promete.

    Espero que Paris seja uma festa. E, por favor, façam como a geração perdida que se encontrou em Paris: escrevam. Eu acompanharei daqui, trés jolie, de Bento.

    Aquele abraço

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