domingo, 3 de outubro de 2010

Museu d'Orsay

                Dia de fila para votar no Brasil. Os exilados aqui não votaram, mas enfrentaram uma fila para conhecer o Museu d’Orsay. Todo primeiro domingo do mês, os museus são de graça na França. Saímos de casa logo depois do meio-dia, pegamos o metrô Saint Michel/Notre Dame e fomos caminhando pelas margens do Sena até chegarmos ao Museu, que está instalado no prédio onde antigamente funcionava uma estação ferroviária. Reconhecemos já de longe pelos enormes relógios da fachada.   
               A fila, apesar de grande, andou rápido: ficamos no máximo quinze minutos esperando no sol. Logo na entrada, o aviso: Proibido tirar fotos. Por um lado, eu acho isso ruim, pois você sempre quer registrar o que viu para lembrar mais tarde ou para mostrar para aquele amigo que você não pode colocar na mala; mas, por outro lado, eu acho maravilhoso, pois você olha as obras com muito mais tranquilidade sem aquele bando de gente que se acumula na frente de um quadro famoso somente para fotografá-lo.   
             O teto é altíssimo, e o lugar é espaçoso e cheio de passarelas e escadas que te transportam de um lado para o outro do museu, que é repleto de quadros e esculturas de artistas como Rodin, Cézanne e Monet. Quanto vi os quadros do Van Gogh meus olhos se encheram de lágrimas. O colorido é penetrante. Eu gostaria de escrever melhor para poder exprimir o que senti naquele momento. Lembrei na hora do filme “Sonhos”, em que um rapaz entra nos quadros do Van Gogh. Eu entrei em vários hoje.
             Tudo é divino e maravilhoso lá dentro, e uma cena me chamou muito a atenção: um grupo de crianças ao redor do Urso Branco, do François Pompon, ouvindo as explicações da professora sobre a obra. As crianças não tinham mais de cinco anos e estavam todas, sem exceção, com os olhos no urso e os ouvidos na professora. Aproveitei aquela oportunidade, que não tive quando criança, e fiquei ali, admirando o urso e ouvindo a explicação. Senti na hora uma carência enorme e uma inveja daquelas crianças que falam francês melhor do que eu e que farão muitas visitas dessas ao longo da sua trajetória escolar.
             Devido ao cansaço e ao horário de fechamento do museu, vimos somente uma parte dele; teremos que voltar mais uma vez para ver o restante. No caso do Museu d’Orsay, o restante é Ingres, Degas, Delacroix...



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