sábado, 2 de outubro de 2010

Nas profundezas de Paris

              Ontem o nosso dia foi de causar inveja a qualquer black metal. Terminou com o filme Histórias Extraordinárias, baseado nos contos do Poe e começou com chuva, neblina, escuridão e muitas caveiras.
              Ainda no Brasil, eu tinha lido algo sobre as Catacombes de Paris e estava ansiosa para conhecer. Até que ontem aproveitamos o dia de chuva para o passeio underground. As Catacombes são antigas pedreiras que foram utilizadas para abrigar os ossos do “Cimetière des Innocents” em 1785 e, mais tarde, de quase todos os cemitérios de Paris. O lugar está aberto desde o século XIX para visitação, e consta que até Napoleão já esteve admirando umas tíbias com o filho.
              Logo na entrada um aviso: não é aconselhável para quem tem problema respiratório ou de coração. Quando eu cheguei no quadragésimo degrau rumo ao centro da terra, eu comecei a entender o aviso, pois uma escada caracol com mais de 80 degraus leva os visitantes para o fundo de Paris, 20 metros abaixo da terra. 
              Quando você para de descer já encontra um túnel gelado, úmido, escuro e silencioso que te leva até o ossário. Parece que eles deixam entrar 200 pessoas por vez, mas o lugar é tão grande que logo você perde o contato com as pessoas que entraram com você. Às vezes eu até olhava assustada pra trás pra ver se o Douglas ainda estava por ali. 
      
             Depois de uma longa caminhada, um aviso na parede para não usar flash na máquina. Naquele ponto é que começa a nossa visita ao milhares de mortos. Crânios e outras partes do esqueleto humano forram quilômetros de túnel. Nada jogado, tudo encaixado cuidadosamente nas paredes formando muitas vezes desenhos e esculturas. O silêncio é mórbido e só é interrompido por um pequeno tremor a cada 5 ou 10 minutos que, creio eu, seja do metrô. Íamos desviando das poças d’água no chão e também das gotas que vinham daquele teto baixo e úmido. Cada gota que eu não conseguia desviar me fazia tremer mais ainda de frio e também de nojo. Suor de caveira pingando na tua cabeça não é uma sensação muito boa.
             Pelo caminho encontrávamos placas de três séculos com frases sobre a morte. Depois de uma hora, encontramos os 83 degraus que nos levaram ao ar livre e, pra nossa surpresa, as gotas continuavam caindo sobre nossas cabeças, só que dessa vez, agradavelmente, eram gotas de chuva.














Pare! É aqui o Império da Morte





Assim, tudo passa sobre a terra
Espírito, beleza, graças, talento
Tal como uma flor efêmera
 Que se entorna ao menor vento



4 comentários:

  1. Quando eu peguei a tua mão, estava tão fria que eu achei que tivesse te trocado lá.

    Beijo.

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  2. Caveiras e lugares escuros lembram minha adolescência... e até onde eu sei, a de vocês tb.

    :-)

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  3. Sim, muito. Por isso eu quis tanto visitar o lugar. Fascinante!

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  4. Vraiment fantastique!!!As fotos estão lindas, gostei do olhar gótico do Douglas

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